Médicos pedem à Dilma Rousseff que salve a saúde pública do RJ
09/05/2013
Cerca de 100 pessoas, entre médicos, estudantes de medicina e sociedade civil, participaram de mobilização em defesa da saúde pública e da valorização da categoria nesta quinta-feira, 9, em frente à sede do CREMERJ. A fachada do Conselho foi completamente coberta por faixas, com o apelo “Presidente Dilma, salve a Saúde Pública do Rio”.
Só este ano, o CREMERJ promoveu várias manifestações para denunciar o descaso do governo em relação à saúde pública e à valorização da categoria médica. A presidente do CREMERJ, Márcia Rosa de Araujo, afirmou que o Conselho não deixará de lutar em favor da categoria e da população.
“Esse ato é mais um de vários que temos feito para mostrar a nossa insatisfação. Serviços estão sendo fechados, médicos estão se aposentando e não há reposição, sobrecarregando o trabalho dos colegas e deixando de oferecer o atendimento que a população merece. O povo é um importante aliado nosso e não vamos deixar de lutar. O CRM é nossa casa e, por isso, colocamos na nossa porta esse apelo. Os corações estão com a gente, mas as espadas também estão”, declarou Márcia Rosa, sendo apoiada e aplaudida pelos participantes.
Durante a manifestação, os médicos também criticaram a intenção do Ministério da Saúde (MS) de migrar para o interior do Brasil mais de seis mil médicos de Cuba. Estudantes das universidades Estácio de Sá e Unig, além de residentes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), somaram forças ao ato.
“É um cenário complicado. Temos sentido o desrespeito, com condições precárias de trabalho, salários baixos e ausência de plano de carreira. Nós nos dedicamos por tanto tempo, estudando, e recebemos isso em troca. Não entendo essa ideia do MS de trazer para o país médicos de Cuba, se eles não estruturam o que está aqui dentro”, opinou Murielle Urzeda Moura, residente do 1º ano de psiquiatria do Hospital Pedro Ernesto.
O coordenador da Comissão de Saúde Pública, Pablo Vazquez, também falou sobre o assunto.
“Acreditamos que a presidente da República está mal assessorada na área da saúde, pois não há resoluções para os problemas que pontuamos há anos. Pelo contrário, o MS apresenta uma ideia contraditória como essa de trazer para o Brasil médicos estrangeiros. Enquanto isso, os médicos daqui resistem heroicamente em seus postos de trabalho”, salientou.
O vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM) e conselheiro do CREMERJ, Aloísio Tibiriçá, destacou a importância desse ato público para a categoria médica de todo o país.
“Essa manifestação vale muito, porque reafirma o que médicos de vários estados estão reivindicando. Nossa categoria não quer aceitar mais essa situação caótica e luta por salários melhores, carreira de estado e financiamento na saúde. Sobre os hospitais federais, o Rio sente mais por ter o maior número deles em seu território. Por isso, está aí nosso clamor à presidente por essa causa que é do médico e da população”, afirmou.
Murais com fotos tiradas pelo Conselho durante fiscalizações e visitas técnicas, exibidos durante a mobilização, ratificaram a situação de calamidade dos hospitais públicos no Rio de Janeiro.