CREMERJ participa do 185º aniversário da ANM
07/07/2014
A Academia Nacional de Medicina (ANM) realizou nessa segunda-feira, 30, sessão solene para comemorar o 185º aniversário da sua fundação. A cerimônia seguida de coquetel aconteceu no prédio-sede da entidade, cuja história confunde-se com a do Brasil, tendo sido criada sob o reinado de D. Pedro I, em 30 de junho de 1829, sendo ainda parte atuante na evolução da prática da medicina no país.
A mesa das autoridades foi integrada pelo acadêmico e presidente da ANM, Pietro Novellino; o presidente do CREMERJ, Sidnei Ferreira; os secretários estadual e municipal de Saúde, respectivamente, Marcos Musafir e Hans Dohmann; o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha; o vereador Paulo Pinheiro, da Comissão de Saúde da Câmara Municipal; e a presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro e conselheira do CREMERJ, Marília de Abreu, entre outras personalidades.
Em seu terceiro mandato, o presidente da ANC destacou em discurso o compromisso da academia de ser o ponto de união mais alto com a sociedade. “Aqui procuramos sempre construir a unidade, embora respeitemos a diversidade”, assinalou.
Sidnei Ferreira salientou o papel da entidade para a valorização da medicina. "A academia tem sido a guardiã da história da medicina e da ética médica, participando com as entidades do movimento médico, enriquecendo e fortalecendo as nossas lutas em prol de uma medicina de qualidade para a população e diante da importância e da responsabilidade que os médicos possuem", ressaltou.
O orador oficial da casa, Mário Barreto Corrêa Lima, teceu longas críticas a várias questões que afligem a prática da medicina e a saúde pública no Brasil.
“A saúde dos cidadãos é relegada a um papel secundário. O financiamento das atividades é insuficiente, a execução dos programas é ineficiente e a corrupção campeia de maneira rampante, dilapidando os recursos já exíguos”, afirmou, antes de acrescentar:
“Temos um Sistema Único de Saúde (SUS) excelente como concepção, mas que está muito longe da excelência em sua aplicação prática. Apenas alguns programas, como o de fornecimento de medicamentos, inclusive a pacientes HIV-positivos, funcionam a contento. A alocação de recursos públicos para a saúde, diferentemente do que ocorre na Inglaterra, na Espanha, na Austrália e no Canadá, entre outros países, é menor do que a dos privados”, disse.
“A questão não pode ser resolvida pelo aumento do número de escolas. Na realidade, somos o segundo país em quantidade de escolas, com 216. E já temos muitas outras em processo de autorização de funcionamento, além de o governo ter feito a proposta de autorizar a criação de escolas em cidades com mais de 70 mil habitantes. O fato de os médicos se formarem em cidades pequenas não significa que lá permanecerão”, sublinhou.
Mário Barreto lembrou ainda que a proposta não fala de onde sairiam os professores, que segundo ele estão em falta mesmo nas escolas públicas. Foi lembrado que na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro há professores titulares que se aposentaram há 28 anos, não tendo havido até hoje concurso para sua reposição.
Como é tradição na passagem dos seus aniversários, a associação homenageou médicos e pesquisadores não pertencentes aos seus quadros. Foi concedido título de Benemérito ao presidente da Câmara de Comércio Brasil-França, Dr. Gilberto Ururahy. Houve também entrega dos diplomas a vencedores dos prêmios Academia Nacional de Medicina, Austregésilo, Fernandes Figueira, Miguel Couto e Luiz Carlos de Sá Fortes Pinheiro.
Um dos agraciados foi o professor de Obstetrícia da UFRJ e da UFF, Antônio Braga, que recebeu o prêmio Luiz Carlos Sá Fortes Pinheiro pelo melhor trabalho de técnica cirúrgica e cirurgia experimental, por inovações na técnica da operação cesariana.