Violência contra médicos se perpetua em UPA de Caxias
03/09/2014
Médicos da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Pediátrica Walter Garcia, em Duque de Caxias, estiveram no CREMERJ nesta terça-feira, 2, para pedir a intervenção da entidade junto aos órgãos de segurança pública em razão das agressões, físicas e verbais, sofridas no exercício do seu trabalho.
A unidade, surgida como a primeira UPA pediátrica do Brasil, atende em média 600 crianças por dia. Em razão das equipes reduzidas e da falta de segurança, atos de violência, psicológicos ou físicos, são comuns e vêm crescendo a cada dia.
Recebidos pelo presidente do CREMERJ, Sidnei Ferreira, e pelo diretor Gil Simões, os médicos relataram que, no fim de agosto, uma colega foi ameaçada com revólver e agredida com socos e xingamentos pelo pai de um paciente. O homem exigia que o filho fosse atendido antes das demais crianças, embora a classificação de risco do caso não exigisse atenção clínica imediata, ao contrário de outras que já estavam aguardando.
Os médicos relataram que são diárias as ameaças, o que leva os colegas a trabalharem sob constante pressão e terror psicológico. Palavrões e xingamentos de todos os tipos são rotina na unidade, que está situada em frente à comunidade Vila Nova, e não atende apenas pacientes da região, mas de toda a Baixada Fluminense, e até da capital.
"Temos lutado pela valorização profissional como um todo, o que engloba melhores salários, condições adequadas para exercermos nosso trabalho e, naturalmente, segurança. São muito preocupantes esses relatos. Já nos reunimos com os órgãos de segurança pública e, mais de uma vez, com o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, mas solicitaremos nova audiência com ele para tratar desse caso. Essa situação não pode ser perpetuada. É um direito de qualquer cidadão exercer o seu trabalho com dignidade e segurança, e vamos em busca desse direito", frisou Sidnei Ferreira.
Os médicos e demais profissionais da UPA Pediátrica Walter Garcia estão promovendo um abaixo-assinado para chamar a atenção das autoridades e sensibilizar os gestores para a grave situação enfrentada.
"Nós só queremos fazer o nosso trabalho com dignidade e tranquilidade, sem sofrer ameaças porque a unidade está superlotada e é preciso aguardar a sua vez. A UPA fica em um local complicado, é uma região com alto índice de criminalidade, então precisamos que haja cobertura policial, câmeras e um sistema de vigilância. Não temos nada disso. Hoje estamos à mercê do caos do sistema público, e muitas pessoas acreditam que agir com agressividade conosco vai resolver, o que, ao contrário, só piora a situação", ressaltou um médico da unidade.
Assim como a maioria das unidades de saúde do país, a UPA Pediátrica de Duque de Caxias, de acordo com os colegas, também enfrenta carência de recursos humanos. Os pediatras de plantão são frequentemente desviados para transferência de pacientes a outras unidades para realização de exames complementares. Outro problema é a falta de especialistas para o atendimento imediato nas intercorrências.