CREMERJ questiona Nerj sobre crise nos hospitais federais
26/09/2014
Diretores do CREMERJ e representantes de hospitais federais estiveram no Núcleo Estadual do Rio de Janeiro (Nerj) do Ministério da Saúde, nessa quarta-feira, 24, para discutir uma solução para o sucateamento das unidades. Apesar de o encontro estar agendado desde o início do mês, a diretora substituta do Departamento de Gestão Hospitalar no Rio de Janeiro (DGH-RJ), Sônia Capellão, disse que aguardava apenas a entrega de um documento por parte do CREMERJ e que não esperava uma reunião oficial.
De posse de um dossiê contendo o relatório de fiscalizações recentes, o Conselho tinha o objetivo de apresentar a gravidade da falta de recursos humanos, que vem ocasionando o fechamento progressivo de serviços. O grupo foi recebido, de forma breve, pela diretora, que preferiu remarcar a reunião, com a presença do diretor do DGH-RJ, José Carlos de Moraes, e de diretores técnicos do Nerj.
“As respostas do Nerj não foram satisfatórias. Cada problema apresentado foi contestado, com argumentos que não condizem com a realidade encontrada nas fiscalizações nem com os relatos dos colegas das unidades. Como não houve um encontro oficial, decidimos não entregar o dossiê. Vamos aguardar uma reunião formal para fazer isso”, ressaltou o coordenador da Comissão de Fiscalização do CREMERJ, Gil Simões.
Sônia Capellão adiantou que a atual gestão do DGH-RJ tem trabalhado para melhorar a imagem dos hospitais federais. Segundo ela, o Ministério da Saúde tem repassado os recursos financeiros para as unidades e há médicos alocados nos hospitais. Entretanto, ela reconheceu que existem problemas de gestão.
O vice-presidente do CREMERJ, Nelson Nahon, relatou que, frequentemente, colegas denunciam para o Conselho a carência de recursos humanos, problemas de infraestrutura e déficit de insumos. A maioria das situações foi comprovada pelo CREMERJ nas fiscalizações.
“Se há médicos alocados e não está funcionando é porque tem alguma coisa errada. Trata-se de um problema grave de gestão. O que não pode acontecer é deixar a população sem assistência, com o fechamento de serviços importantes, nem expor os colegas, que muitas vezes assumem sozinhos plantões de uma emergência aberta”, afirmou.
Na ocasião, entre os problemas citados, está o serviço de endoscopia do Hospital Federal de Ipanema, que, apesar de ser referência, há anos necessita de obras; a situação da pediatria do Hospital de Bonsucesso, que tem crianças graves com indicação de UTI em enfermarias e sofre com a falta de recursos humanos, além de possuir uma emergência improvisada em contêineres, em estado de extrema precariedade há mais de quatro anos; e a carência de médicos no Cardoso Fontes, o que tem sobrecarregado os colegas que lá trabalham.
“Pudemos observar que são claras as contradições entre o que o Nerj diz e o que acontece, de fato, nas unidades federais. Infelizmente, nossa reunião foi adiada, mas não vamos desistir e continuaremos cobrando as soluções necessárias, tanto para o adequado atendimento à população como para o ético exercício da medicina, com condições de trabalho, equipes completas e salários dignos”, declarou o diretor do CREMERJ Pablo Vazquez.