Visita técnica e audiência discutem situação do Inca
21/08/2015
O CREMERJ participou de uma visita técnica no Instituto Nacional de Câncer (Inca), solicitada pela Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) da Câmara dos Deputados, nessa sexta-feira, 14, para averiguar os problemas da instituição, que é referência no tratamento de câncer no país. A visita foi solicitada pelos deputados federais Alexandre Serfiotis (PSD/RJ) e Doutor João (PR/RJ) após matérias na mídia relatarem problemas que vem afetando o Inca.
Além da comissão de parlamentares, formada por nove deputados federais, estiveram presentes o presidente do CREMERJ, Pablo Vazquez, e o diretor Gil Simões; o diretor-geral do Inca, Paulo Eduardo de Mendonça; o diretor do Departamento de Gestão Hospitalar no Rio de Janeiro (DGH) do Ministério da Saúde no RJ, José Carlos de Moraes; médicos do corpo clínico do hospital; além de outras entidades.
Uma das preocupações relatadas pelo grupo de parlamentares foi em relação às queixas sobre a falta de insumos básicos e de medicamentos para o atendimento aos pacientes e a substituição dos profissionais da Fundação Saúde por servidores concursados.
O diretor-geral do Inca, Paulo Eduardo de Mendonça, reconheceu que a instituição enfrenta alguns problemas, mas que eles não atrapalham a assistência aos pacientes. Segundo o diretor, que assumiu o cargo em meados de maio, a transição dos servidores não afetará o atendimento prestado pela unidade.
No encontro, houve uma apresentação sobre as atividades do Inca. A coordenadora de Pesquisa e Educação do instituto, Marisa Dreyer Breitenbach, falou sobre os programas científicos, as cooperações internacionais feitas pelo Inca e uma pesquisa com dados sobre os casos de câncer no Brasil. De acordo com ela, em 2020, a doença será a principal causa de morte no país.
Já o coordenador-geral de ensino do instituto, Luis Felipe Ribeiro, explanou sobre os cursos de formação oferecidos pela unidade, como cursos técnicos e programas de residência médica, que totalizam 28.
Em sua participação, o presidente do CREMERJ, Pablo Vazquez, relembrou a reunião dos membros da Câmara Técnica de Oncologia do Conselho para debater a importância de uma regulação voltada para essa especialidade.
"Infelizmente, com a falta de uma regulação específica para essa área, temos presenciado casos de pacientes que necessitam de um tratamento cirúrgico combinado com um radioterápico, mas que não conseguem realizar os dois procedimentos no tempo necessário, assim prejudicando o doente que já está debilitado", declarou.
Pablo Vazquez também declarou que o Inca é uma referência na área de assistência e ensino/pesquisa e que os problemas que vêm atingindo o hospital não podem prejudicar a imagem da instituição.
Após o fim do debate, os parlamentares visitaram as instalações da sede do Inca, localizada no Centro do Rio.
Inca também é tema de audiência pública
No mesmo dia, o vice-presidente do CREMERJ, Nelson Nahon, e a conselheira Erika Reis participaram de uma audiência pública promovida pela CSSF, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, para continuar a discussão sobre os problemas do hospital.
Compuseram a mesa os deputados federais e integrantes da CSSF Doutor. João, Odorico Monteiro, Alexandre Serfiotis e Darcísio Perondi, além do diretor-geral do Inca, Paulo Eduardo Mendonça, do representante do Núcleo Sindical do instituto, Pedro Henrique Ferreira, e do vereador carioca Renato Moura.
Autor do requerimento que deu origem à audiência, o deputado Doutor. João conduziu a reunião e informou que a iniciativa foi em decorrência de uma série de denúncias sobre a situação caótica e muito preocupante no Inca.
De acordo com Paulo Mendonça, a crise internacional contribui para a falta de suprimento, pois alguns fornecedores não estão conseguindo entregar os insumos. Segundo ele, entretanto, o instituto vem trabalhando para que o Ministério da Saúde se conscientize de que o Inca não pode ser drasticamente comprometido por oscilações orçamentárias.
"Como vamos cuidar dessa população, com o tamanho da pressão epidemiológica do câncer daqui a trinta anos, se não tivermos independência tecnológica e capacidade de articular os esforços da Fiocruz, do Inca, das universidades federais do Brasil e dos institutos estaduais de pesquisa para que juntos construamos soberania? Isso significa capacidade de ter marcadores desenvolvidos no Brasil e medicamentos mais avançados, por exemplo. Para isso, precisamos trabalhar agora. Esse é o esforço da atual direção do Inca", salientou.
O diretor informou ainda que está em fase de implantação a Central Única de Regulação do Estado do Rio de Janeiro, com a participação do município. "Talvez em novembro já tenhamos isso em funcionamento", disse.
Já o deputado Odorico Monteiro informou que a CSSF realizará na Câmara dos Deputados, em 25 de agosto, em Brasília, uma audiência pública requerida pelo deputado Antônio Jácome, para debater "Oncologia - SUS, Ideias e Soluções".