Problemas constatados no Hemorio são denunciados ao MP
07/04/2016
O presidente do CREMERJ, Pablo Vazquez, reuniu-se nessa terça-feira, 5, com a direção e a Comissão Ética Médica do Hemorio para discutir a suspensão de parte do atendimento da unidade, ocasionado pela greve dos funcionários terceirizados, da empresa Angel´s, que tem contrato com a Fundação Saúde. Com salários atrasados há dois meses, eles paralisaram as atividades na segunda-feira, 4, já que nem os benefícios como vale-transporte foram creditados. A interrupção afetou diretamente vários setores da unidade, como o atendimento laboratorial, administrativo, a coleta móvel de sangue, o serviço de segurança e a hotelaria. Devido a isso, o Conselho denunciará o problema ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ).
“O Hemorio, com mais de 70 anos, é uma unidade de saúde extremamente importante para o Rio de Janeiro. É referência nacional no atendimento de doenças hematológicas e coordenador da hemorrede pública estadual, fornecendo sangue e hemoderivados para cerca de 180 unidades de saúde. Com a descontinuidade de seus serviços, centenas de pacientes serão prejudicados e todo o abastecimento de sangue no Estado será atingido. Vamos ao MPRJ para tentar reverter essa situação”, declarou Vazquez.
De acordo com a diretora técnica da unidade, Carla Boquimpani, cerca de 150 profissionais estão em greve. Ela explicou que os atendimentos de quimioterapia e transfusões estão sendo realizadas normalmente. Entretanto, foi verificado que, com a paralisação, algumas áreas foram comprometidas. Há falta de maqueiros, camareiras, recepcionistas e vigilantes, afetando atendimentos ambulatoriais e de coleta de sangue. No último sábado, o atendimento aos doadores chegou a ser interrompido. Terça-feira, 5, novamente havia o comunicado de que o serviço de coleta seria suspenso antes do horário previsto.
“As consultas ambulatoriais estão sendo remarcadas para evitar a criação de filas e também por motivos de segurança. Estamos nos esforçando muito para que o serviço não seja paralisado, por isso realocamos funcionários de outros setores para manter alguns serviços. Mas ainda não temos uma previsão de quando a situação será normalizada”, disse.
Além do atraso no pagamento dos funcionários terceirizados, o Hemorio tem enfrentado dificuldade para adquirir medicamentos importantes, como alguns antibióticos, devido à falta de repasses da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Segundo a direção, o caixa de emergência tem sido utilizado para custear gastos rotineiros, deixando o hospital sem um suporte para casos de urgência. A falta de aporte financeiro também atingiu a parte estrutural, já que não há contrato com empresas de manutenção da refrigeração dos elevadores, que vem apresentando problemas constantes. A pediatria está interditada por conta de infiltrações e não há previsão para obras ou reparos no local. Enquanto isso, crianças em tratamento estão internadas em enfermarias destinada aos adultos.