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Cirurgia cardíaca pediátrica: SES apresenta propostas

23/03/2017

Representantes do CREMERJ e de hospitais com cirurgia cardíaca pediátrica do Rio de Janeiro se reuniram nessa quinta-feira, 23, com o assessor do secretário estadual de Saúde, Sergio Gama, para debater propostas de melhoria para o setor. Durante o encontro, Gama apresentou as sugestões elaboradas pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) para reduzir a fila de espera por cirurgias e garantir a manutenção dos serviços.

Na ocasião, o coordenador do Comitê de Monitoramento dos Serviços de Cirurgia Cardíaca Pediátrica do CREMERJ, conselheiro Serafim Borges, também expôs propostas à rede de assistência às crianças cardíacas, elaboradas pelo grupo de trabalho. A sugestão do Comitê é que o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac), a Perinatal e o Instituto Nacional de Cardiologia (INC) sejam responsáveis pelos atendimentos de alta complexidade. Já o Hospital dos Servidores do Estado (HSE), o Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) e os hospitais universitários Pedro Ernesto (Hupe) e Clementino Fraga Filho (HUCFF) ficariam com a baixa complexidade.

O projeto sugeriu ainda a criação de ambulatórios próprios para atendimento às crianças cardíacas com centros de imagem, reabilitação e atendimento à família. O atendimento seria realizado por equipes multiprofissionais. “O paciente precisa ter acompanhamento após o período operatório. Os ambulatórios ficariam com esse papel. As crianças que passam por intervenções cirúrgicas precisam ter uma vida normal depois, o que muitas vezes não acontece por falta de orientação”, disse Serafim.

Em seguida, Sergio Gama apresentou as propostas de novo fluxo de atendimento para as crianças cardíacas no Estado. As mudanças incluem a redefinição do perfil de atendimento/cirurgia de cada unidade por patologia, a revisão da fila de cirurgias (eletivas e emergenciais) do Sistema de Regulação (Sisreg) e a fixação de nova rotina para regulação com o auxílio de um especialista em cirurgia cardíaca pediátrica.

Os profissionais das unidades presentes questionaram a divisão do atendimento dos hospitais por patologia. Eles alegaram que a restrição no atendimento pode sobrecarregar algumas unidades e deixar outras ociosas, isso porque alguns hospitais ficaram apenas com as doenças raras e outras com as mais comuns e de maior demanda. O chefe de serviço de cardiologia pediátrica do INC, Marcelo Gomide de Faria, chamou a atenção para a necessidade de uma linha de cuidados, que vai do diagnóstico no período pré-natal até a fase adulta.

“Se de fato queremos resolver o problema da cirurgia cardíaca pediátrica temos que ter uma linha de cuidados que faça o diagnóstico e vá até o acompanhamento dos adultos, que têm cardiopatia congênita e foram tratados ou não. Hoje temos uma demanda reprimida de pessoas que nascem e morrem com o problema e não sabemos. Se conseguirmos criar esse sistema vamos reduzir a mortalidade infantil para até 3%”, informou.

Para o conselheiro Armindo Fernando da Costa, a divisão das unidades por patologia inviabiliza a realização da residência médica, pois reduz o contato com diversas formas da doença. Esse questionamento foi reforçado pelos presentes, que lembraram que o déficit de profissionais especializados em cirurgia cardíaca pediátrica nos serviços do Rio de Janeiro também é um dos problemas do setor.

Ainda foram debatidas a falta de financiamento municipal, estadual e federal, a carência de verba para compra de materiais e insumos, a falta de leitos de UTI e os entraves ocasionados pela judicialização. Ao final das discussões, Sergio Gama adiantou que avaliará as sugestões apresentadas e um encontro será realizado na SES para debater os rumos do fluxo de atendimento. Uma nova reunião deve acontecer no CREMERJ nos próximos meses para verificar o andamento das ações sugeridas.

“Continuaremos com esse trabalho de monitoramento da situação da cirurgia cardíaca pediátrica e buscaremos junto às autoridades competentes soluções para os problemas”, finalizou o presidente do CREMERJ, Nelson Nahon.

Também participaram da reunião os conselheiros Gil Simões, Ana Maria Cabral e Luís Fernando Moraes. Estiveram presentes representantes da Perinatal, do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac), do Instituto Nacional Fernandes Figueira (IFF), do Hospital dos Servidores do Estado (HSE), do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), da Associação dos Médicos Residentes do Estado do Rio de Janeiro (Amererj), da Associação dos Cirurgiões Cardiovasculares do Estado do Rio de Janeiro (ACCERJ), da Sociedade de Cardiologia Intervencionista do Estado do Rio de Janeiro (Socierj) e do Departamento de Gestão Hospitalar no Rio de Janeiro (DGH/RJ).