CREMERJ debate triagem neonatal com Hemorio e Defensoria
21/06/2017
O presidente do CREMERJ, Nelson Nahon, recebeu a diretora assistencial do Hemorio, Patrícia Moura, e as e defensoras públicas Thaisa Guerreiro e Samantha Monteiro, nesta quarta-feira, 21, para debater a situação da triagem neonatal no Estado.
O exame conhecido como teste do pezinho era realizado pelo Hemorio e pelo Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (Iede) e está, desde fevereiro, sob responsabilidade da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). O exame pode detectar precocemente até seis doenças congênitas. A transferência do serviço para a Apae foi feita, segundo a Secretaria de Estado de Saúde, por conta da falta de insumos, que fez com que a triagem neonatal ficasse parada por mais de sete meses. Nesse período, houve um acúmulo de mais de 109 mil exames passivos, fora a demanda atual de cerca de15 mil exames mensais.
“O teste do pezinho é muito importante. Ele pode diagnosticar doenças como a anemia falciforme e o hipotireoidismo congênito. Quanto antes tratadas, melhor é qualidade de vida da criança. Um paciente com doença falciforme pode ter crises falcêmicas. Quantos diagnósticos podem não ter sido feitos durante esse período em que os testes ficaram parados? Não podemos deixar essas famílias desassistidas”, salientou o presidente do CREMERJ, Nelson Nahon.
A diretora assistencial do Hemorio, Patrícia Moura, demonstrou preocupação quanto aos resultados dos exames feitos hoje pela Apae.
“Não temos recebido muitos pacientes pela triagem neonatal. Nesses cinco meses em que o serviço foi transferido, só recebemos três com anemia falciforme. A criança com doença falciforme tem muito mais chances de infecção que as outras. Se tratada, ela pode ter uma vida longa, mas é importante que tenha um diagnóstico precoce”, explicou.
As estatísticas do Hemorio mostram que a positividade do exame para doença falciforme é de um para cada 1.200. Se considerarmos que são feitos pelo menos 15 mil exames mensais, poderíamos esperar cerca de 12 bebês diagnosticados com a doença por mês.
Durante os meses de agosto de 2016 a janeiro de 2017 em que as análises de teste do pezinho estavam paradas, o Hemorio supriu a demanda de exames apenas para a doença falciforme. No entanto, nos cinco meses em que a Apae passou a ser responsável pelo exame, desde fevereiro deste ano, esperava-se que cerca de 62 pacientes fossem diagnosticados apenas nas demandas ativas.
“Não temos acesso a dados sobre os exames realizados pela Apae. Precisamos ver se ela tem condições de realizar todos os testes. Temos cerca de 22 mil bebês nascidos vivos por mês no Estado. A maior parte deles são atendidos pela rede pública e têm direito à triagem neonatal. Precisamos lutar para que esse direito seja respeitado”, disse o diretor do CREMERJ Gil Simões.
O Conselho, junto à Defensoria, busca formas de garantir que esses exames sejam realizados. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, a Apae pretende zerar a fila em alguns meses, mas não foram, ainda, disponibilizados dados de como se encontra hoje o acúmulo de testes.
“Se faltasse o kit para um exame, inviabilizava o resultado completo da triagem neonatal, porque o sistema final só liberava com todos os resultados prontos. Isso era muito complicado. Agora vamos acompanhar esse processo para que a fila seja realmente zerada. Não é admissível que esses exames não sejam realizados. A triagem neonatal é um direito da população e faremos com que seja assegurado”, afirmou a defensora Thaisa Guerreiro.
Participaram também da reunião o vice-presidente do CREMERJ Renato Graça, a diretora Erika Reis e os conselheiros Pablo Vazquez e Kássie Cargnin.