CREMERJ alerta para riscos da ingestão de placentas
21/03/2018
Ato comum em muitos países e até incentivado por algumas celebridades, a ingestão da placenta vem se tornando uma ação cada vez mais popular por ser considerada rica em nutrientes e hormônios. Diante do aumento do número de mulheres que adotaram tal prática, o CREMERJ, por meio de sua Câmara Técnica de Nutrologia, alerta para a escassez de estudos sobre os efeitos do consumo do órgão para a saúde.
Integrante da câmara técnica da especialidade e chefe do Serviço de Nutrologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), Lenita Zajdenverg afirma que a composição nutricional da placenta pode se alterar de acordo com o modo como for consumida (crua, cozida e em cápsulas), o que torna seus efeitos sobre a mulher no pós-parto ainda desconhecidos. Além disso, existem casos de contaminação intrauterina, em que bactérias e vírus permanecem nos tecidos placentários mesmo após o nascimento do bebê, e a própria manipulação ou o armazenamento em locais inapropriados podem aumentar a presença de micro-organismos patogênicos no órgão.
Em junho de 2017, um caso nos Estados Unidos (EUA) chamou a atenção para o assunto. Por meio do leite materno, um bebê foi contaminado com estreptococos pela mãe após ela ingerir cápsulas da placenta do filho. O Centro de Controle de Doenças (CDC) dos EUA publicou uma nota alertando sobre os potenciais riscos da prática.
“Os benefícios para a saúde e os perigos da ingestão placentária requerem uma investigação mais aprofundada, e ainda faltam evidências para recomendar ou garantir a segurança do ato”, salienta Lenita.