CRM apoia fechamento da emergência do HFB em coletiva
22/03/2018
O CREMERJ anunciou total apoio à decisão do corpo clínico do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) de fechar, temporariamente, a recém-inaugurada emergência da unidade no próximo sábado, dia 24. Em coletiva de imprensa realizada nessa quinta-feira, 22, no HFB, o presidente do Conselho, Nelson Nahon, afirmou que o alarmante déficit de recursos humanos deixou o local sem condições de atendimento.
“A direção do hospital, do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) e o Ministério da Saúde são os responsáveis pelo que está acontecendo. A inauguração da emergência, em 28 de fevereiro, sem a quantidade de profissionais adequada para seu funcionamento, foi uma enorme irresponsabilidade”, declarou Nelson.
No dia 14 de março, o CREMERJ fez uma visita à emergência e constatou a situação calamitosa em que o local se encontrava: um clínico, um pediatra e um cirurgião estavam responsáveis pelo atendimento de 67 pacientes internados, a maioria em estado grave. No corredor, oito pacientes estavam internados em macas. Uma sala vermelha improvisada para dois pacientes contava com apenas um monitor e, na enfermaria das mulheres, quatro doentes estavam entubadas em situação precária. Após a coletiva de imprensa, Nahon e Júlio Noronha, integrante do corpo clínico, visitaram a emergência e perceberam uma piora no quadro: 11 pacientes estavam em macas nos corredores; a sala vermelha e amarela seguiam fechadas; e a pequena sala vermelha improvisada abrigava três pacientes em estado grave.
“Existe uma ação na Justiça que obriga o Ministério da Saúde a contratar mais médicos, mas ela não está sendo cumprida. Faltam, no mínimo, 161 clínicos para a emergência poder funcionar de forma adequada, fora enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas e demais profissionais da saúde”, salientou o presidente do CRM.
Pacientes que buscarem atendimento na emergência a partir de sábado passarão por uma rigorosa triagem médica, e apenas aqueles em situação de risco serão acolhidos. Os demais serão encaminhados para o Hospital Estadual Getúlio Vargas (HEGV), na Penha, e para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da região.
Segundo o presidente do corpo clínico do HFB, Baltazar Fernandes, o encerramento das atividades no local era inevitável: “Nós sempre fomos contra a inauguração da nova emergência nessa condições, pois já tínhamos um déficit de profissionais na unidade antiga, que era muito menor que a atual. Como os contratos temporários de muitos médicos não foram renovados, não houve contratações e alguns pediram demissão, era óbvio que o problema se agravaria”, disse Baltazar, alegando também que a decisão visa não comprometer ainda mais a saúde da população e também preservar a integridade física das equipes de saúde que seguem trabalhando no hospital.