Livro Economia para Poucos é lançado na Fiocruz
21/09/2018
O livro "Economia para Poucos: Impactos sociais da austeridade e alternativas para o Brasil" foi lançado, nessa sexta-feira, 21, em evento organizado pelo Centro de Estudos Estratégicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A obra é composta por capítulos escritos pelos economistas Esther Dwerck, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Octávio Oché-Reis, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Bruno Sobral, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e Gustavo Souto Noronha, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Junto ao lançamento do livro, houve um debate com os autores sobre as consequências da austeridade, inclusive na área da saúde, e propostas alternativas. O presidente do CREMERJ, Nelson Nahon, esteve no evento representando o Conselho.
“O título Economia para Poucos se refere a uma construção econômica da sociedade brasileira em que muito poucos são beneficiados. A ideia é discutir essa política de austeridade que requer corte nos gastos para políticas sociais e privilégio nas finanças, uma espécie de redistribuição reversa. O Centro de Estudos Estratégicos da Fundação pensa o futuro e precisamos pensar nas alternativas que temos à essa política de austeridade. Estamos também celebrando o aniversário de 70 anos da Declaração Universal de Direitos Humanos”, comentou José Carvalho de Noronha, coordenador executivo da Iniciativa Brasil Saúde Amanhã da Fiocruz
Durante o debate sobre as temáticas do livro, Carlos Octávio Oché-Reis destacou as perdas no financiamento da saúde pública após a Emenda Constitucional 95 (EC95), que estabelece um teto de gastos do governo federal. Segundo o pesquisador, se forem comparados os pisos de 2017 e 2018 com e sem o efeito da EC95, chega-se a uma perda de R$6,5 bilhões.
“A EC95 já na prática reduziu os recursos destinados à saúde em 2017 e 2018. Quando olhamos para as despesas pagas nesses anos em termos reais, constatamos que houve um dispêndio menor dos recursos. A EC95 reduz o gasto público na área em um quadro de aumento das necessidades de saúde em função da crise econômica. É um cenário extremamente preocupante. A austeridade provoca uma piora nos serviços públicos de saúde ofertados e consequentemente uma queda na qualidade de vida da população”, afirma o economista.
Para Carlos Gadelha, coordenador de prospecção da presidência da Fiocruz e mediador do encontro, trata-se de uma questão mais ampla que o orçamento:
“O debate se situa em uma questão central que o Brasil está passando hoje. A questão da austeridade não é apenas mais ou menos gasto. A questão no fundo é uma visão da sociedade brasileira e do estado, que é contrária a uma base de bem-estar social e seus componentes, como o SUS. Então, mais do que a questão ser restrita à austeridade, o que se discute é um modelo de desenvolvimento que implica em retrocesso da base social. Acredito que é possível ter modelos alternativos que permitam responsabilidade fiscal mas priorizando o desenvolvimento, o bem estar e a tecnologia e inovação”, opinou.