Servidores: déficit de médicos gera falhas na operação
21/03/2019
O diretor do CREMERJ Ricardo Farias, a equipe do Departamento de Fiscalização (Defis), e a promotora de Justiça Márcia Lustosa fiscalizaram o Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE), nesta quarta-feira (20), e constataram um grande déficit de médicos na unidade. A vistoria encontrou ainda problemas na estrutura da maternidade e no pronto-atendimento.
A unidade materno-fetal (UMF), responsável por 50 partos mensais (em média) e voltada para pacientes de alto risco, conta com uma única sala PPP (pré-parto, parto e pós-parto), funciona de forma improvisada e fica no corredor de acesso à enfermaria, com o banheiro interditado. A falta de especialistas – como cardiologistas – tem dificultado progressivamente a assistência de gestantes cardiopatas, que receberam alta da unidade coronariana. A sala de ultrassonografia, apesar de dispor de três aparelhos, não funciona 24 horas. A quantidade de leitos caiu para 16 desde o fechamento de parte da maternidade, em 2010.
Na neonatologia, um médico sozinho por vezes precisa se dividir entre dois setores, a sala de parto e a UTI neonatal, em andares diferentes. Faltam ainda profissionais para rotina: há cobertura só no turno da manhã. O CTI geral pratica rodízio entre os médicos nos fins de semana, para tentar compensar a ausência de plantonistas.
O mesmo problema impede a reabertura de todos os nove leitos das unidades de monitoramento intensivo e pós-operatório, que dispõem de ótima estrutura. Atualmente, apenas seis funcionam. A fiscalização constatou que a UTI, com quatro leitos não usados, precisa de reformas de infraestrutura.
O pronto-atendimento, que não é descrito como emergência aberta pelos órgãos públicos, atende de 30 a 40 pessoas por dia, o que o torna na prática um setor de urgência e emergência. Como deveria funcionar apenas para intercorrências internas, a grande procura de pacientes e a falta de classificação de risco fazem com que a estrutura não comporte a demanda existente.
Na unidade coronariana, o pequeno número de médicos disponíveis só permite que nove dos 17 leitos estejam ativos. Esse déficit também reduziu o número de cirurgias, que passou para uma por semana.
Metade dos funcionários do corpo clínico do hospital já têm direito a aposentadoria. Se todos deixarem a unidade, a insuficiência dos recursos humanos será ainda maior.
"Se olharmos de forma geral, há um colapso de RH na rede federal pela falta de investimentos e de planos de carreiras. Há muita insegurança porque os contratos muitas vezes têm seis meses de duração. Unidades como o Hospital dos Servidores sempre foram grandes escolas dos médicos no Rio de Janeiro. Com a falta de concursos, temos perdido excelentes quadros médicos", afirmou Ricardo Farias, diretor do CREMERJ.