CREMERJ denuncia falta de médicos nos hospitais
02/12/2009
Conselho teme que aumento da demanda no fim do ano provoque caos no serviço.
Um dos reflexos do período de férias e da chegada do verão é o aumento significativo de atendimentos nas principais emergências do Rio de Janeiro. Preocupado com a capacidade de atendimento destas unidades, o CREMERJ está realizando novas vistorias nos hospitais para saber se a falta de médicos foi sanada nos últimos dois ou três meses.
“Estamos chegando num período crítico do ano, onde há um grande aumento do número de atendimentos nas emergências. Há hospitais, como o Getúlio Vargas, que quase não têm clínicos - médicos responsáveis pelo primeiro atendimento - em seus quadros. Os médicos estão trabalhando no limite. Se houver aumento excessivo da demanda, certamente teremos problemas graves em todas as unidades. É importante tornar público que os governos municipal, estadual e federal não sanaram estas questões que, ano após ano, continuam afetando o atendimento à população”, afirma Pablo Queimadelos, diretor secretário-geral do CREMERJ.
Hospital Estadual Carlos Chagas
A Comissão de Saúde Pública do CREMERJ realizou uma nova fiscalização no Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes. Assim como na visita feita há cerca de dois meses, o CREMERJ constatou que ainda há séria carência de médicos na emergência, principalmente pediatras, clínicos e cardiologistas. Além disso, o hospital possui apenas quatro leitos em funcionamento no CTI e muitas cirurgias não são realizadas por falta de vaga ou por causa de aparelhos enguiçados há mais de um ano, faltam anestesistas e intensivistas.
O Carlos Chagas já teve três setores fechados este ano: ortopedia, cirurgia plástica e ginecologia. Desta forma, o número de leitos sofreu redução de 40%, passando de 200 para 120 leitos. O tomógrafo, por exemplo, está quebrado há seis meses. Quando a tomografia é necessária, os pacientes são encaminhados aos hospitais Getúlio Vargas ou Albert Schweitzer para realização do exame.
Os 44 leitos de ortopedia, apesar de contarem com camas elétricas e colchões novos, continuam desativados. Segundo informações, é possível que sejam transformados em leitos de retaguarda para a UPA ou leitos de longa permanência. Enquanto isso, os 20 ortopedistas lotados no hospital ainda não sabem para onde serão transferidos. O fechamento do serviço de ortopedia é preocupante, porque a área programática em que está inserido o Hospital Carlos Chagas não tem outra unidade capaz de absorver esta grande demanda de pacientes ortopédicos. Atualmente, estes pacientes têm sido encaminhados para a regulação, que não tem suporte para atendimento dos casos.
Já o pólo de endoscopia conta com 15 médicos, mas os aparelhos são antigos e não comportam a demanda de pacientes, sem contar as péssimas condições nas instalações físicas e manutenção predial. Desde que foi transformado em pólo, o serviço tem realizado três vezes mais exames, com grande número de casos de hemorragia digestiva, e está recebendo pacientes vindos até de Niterói. O banco de sangue, por exemplo, também não foi adaptado para este novo volume de pedidos.
Hospital Estadual Getúlio Vargas
Nesta segunda-feira, dia 30, o CREMERJ esteve novamente no Hospital Estadual Getúlio Vargas para apurar denúncias de falta de médicos e de insumos. O ponto crítico continua sendo a falta de médicos, principalmente, clínicos, pediatras e anestesistas. Há dois meses, quando o CREMERJ visitou o hospital, havia carência de 60 clínicos e 40 pediatras. E, pelo visto, o quadro continua o mesmo.
A ausência de clínicos criou uma situação extremamente grave na sala amarela, específica para atendimento de pacientes graves, e que não conta com plantonista e nem médicos para a rotina. Para que este setor não fique completamente desassistido, um médico do CTI é deslocado para avaliar os pacientes. Uma atitude emergencial, mas que não é condizente.
Também não há número suficiente de anestesistas para cobrir as sete salas de cirurgia. Existem plantões em que só há três anestesistas, por isso, quatro salas de cirurgia ficam ociosas.