CREMERJ realiza pesquisa sobre saúde da mulher no Rio
22/07/2019
O CREMERJ realizou uma pesquisa sobre a saúde da mulher. O objetivo era entender a opinião da mulher carioca sobre preferências por tipo de profissional para acompanhamento de pré-natal e parto, local mais apropriado para realização do parto e avaliação das maternidades da cidade do Rio de Janeiro. Além disso, foram avaliados temas delicados, como aborto e violência no parto.
A pesquisa, feita pelo Instituto Insider, foi quantitativa, descritiva e conclusiva; usou o método de entrevistas pessoais. Foram mais de 200 mulheres de 18 a 40 anos de idade entrevistadas durante o mês de julho.
“Essa pesquisa mostra que a população carioca, fluminense e brasileira, de modo geral, quer um parto com qualidade, com médico, com obstetra, em maternidade, em hospital, com as melhores condições e é a favor da vida. A população valoriza o médico e faz questão de que seu parto e pré-natal sejam feitos com um. Os gestores tanto do nível municipal, estadual e federal devem levar isso em conta na elaboração de políticas públicas, sempre colocando o médico como o profissional mais qualificado na linha de frente para o atendimento, além de garantir bons salários e condições adequadas de trabalho”, destaca o conselheiro do CREMERJ Raphael Câmara.
Parto
De acordo com o levantamento, em média, a mulher em idade reprodutiva, moradora da cidade do Rio de Janeiro, costuma ir ao ginecologista a cada 11 meses. Entre as que têm plano de saúde, esta frequência sobe para cada dez meses. Mais especificamente, pouco mais da metade (ou 56%) costuma ir anualmente e um terço (ou 32%) tem o hábito de visitar seu ginecologista semestralmente.
Para 91% e 94% das entrevistadas, o médico obstetra é o profissional mais indicado e mais preparado para conduzir o pré-natal e realizar o parto, respectivamente. Na sequência, as mulheres consideraram o enfermeiro obstetra, sendo 3% para o parto e 4% para o pré-natal. Três em cada quatro (ou 76%) das entrevistadas disseram preferir o parto normal, principalmente as moradoras da Zona Suburbana (89%), e 20% optam pela cesariana. Neste grupo, destacaram-se as moradoras da Zona Oeste (30%).
Quanto ao local para se ter um parto, 90% das entrevistadas consideraram as maternidades. Oito por cento (8%) declararam preferir casas de parto acompanhadas apenas de enfermeiros. Pouco mais da metade (ou 58%) é contra a realização de parto em casa, principalmente as residentes do Centro/Zona Norte (80%). No entanto, há aquelas que são a favor: 24%. Entre as moradoras da Zona Oeste, este índice chega a 37%.
Maternidades públicas
Sobre a percepção das entrevistadas quanto às maternidades públicas da cidade do Rio de Janeiro, 55% as consideraram como regulares, 26% como boas, 11% como péssimas, 6% como ruins e 2% como ótimas. Com base nas respostas, foi gerada a média geral de 3,02 (conceito regular). Junto às moradoras da Zona Suburbana esta média chega a 3,26, que foi o melhor resultado.
Entre aquelas que têm filhos, 6% sofreram algum tipo de violência durante o parto, principalmente as moradoras do Centro/Zona Norte (13%). As violências relatadas por elas foram: agressão verbal, ofensa e violência psicológica (56% ou 3% do total); insistência por longo tempo pelo parto normal antes de recorrer à cesariana (33% ou 2% do total) e falta de oxigenação causada pela longa demora (11% ou 1% do total).
Aborto
Com o levantamento, de modo geral, pode-se dizer que em cada quatro mulheres cariocas, três (ou 72%) são contra a liberação do aborto; e uma (ou 24%) é a favor. Ainda sobre isso, para 3% das mulheres, essa questão é indiferente e 1% não soube responder ou ainda não tinha opinião formada.
Já em relação à legalização do aborto em casos de risco de vida da mãe, estupro ou feto com anencefalia, a opinião muda radicalmente. A proporção praticamente se inverte. Em cada quatro entrevistadas, três (ou 74%) são a favor da legalização do aborto nestes casos e uma (ou 23%) é contra. Além disso, 1% não soube responder e 2% se posicionaram indiferentes à questão.
Todas (24%) que se declararam a favor da liberação do aborto mantiveram a posição nos casos especiais e 65% daquelas que se posicionaram contra à sua liberação mudaram de opinião e passaram a ser favoráveis quando se tratava destas circunstâncias especiais. No entanto, 31% ainda se posicionaram contra até nestes casos.
Perfil das entrevistadas
Sobre o perfil sócio demográfico da amostra, é possível destacar que a idade média das entrevistadas é de 30 anos – iguais 30% têm de 26 a 30 anos ou de 31 a 35 anos; a renda familiar média é de R$ 6.200; a maior parte é de classe C (43%) e outra boa parte é de classe B (35%). A classe A representa apenas 5% e 17% são de classes D/E. A Zona Oeste tem o maior peso: 41%. Em seguida, 29% moram nos bairros da Zona Suburbana*. A Zona Norte** representa 16% e 11% são da Zona Sul. O Centro da cidade contribuiu com apenas 3% do total.
Além disso, 62% são casadas, 33% são solteiras e 4% são separadas. Em relação ao grau de instrução, duas em cada três (ou 65%) têm até ensino médio completo e 21% possuem uma graduação completa. Quatorze por cento (14%) têm apenas o ensino fundamental completo ou mesmo incompleto; 43% são empregadas em empresa privada, 21% profissionais liberais, 12% são empregadas em empresa pública e 9% são donas de casa.
Sessenta e seis por cento (66%) das entrevistadas têm filhos, principalmente de 4 a 6 anos (32%), de 7 a 10 anos (28%) e de 11 a 14 anos (32%). A idade média dos filhos é de 10 anos. Sessenta e quatro por cento (64%) não têm plano de saúde. Naturalmente, 36% têm.
Para a Zona Suburbana*, a pesquisa considerou moradores dos bairros Irajá, Pavuna, Ilha do Governador, Complexo da Maré e Madureira. Já para a Zona Norte** foram considerados residentes dos bairros Méier, Tijuca e Vila Isabel.