INC realiza primeiro transplante de pulmão em sua unidade

O Instituto Nacional de Cardiologia (INC) realizou, na última terça-feira, 3, o primeiro transplante de pulmão da unidade, localizada em Laranjeiras – na Zona Sul da capital. Nos últimos 15 anos, este foi o único procedimento feito no estado do Rio de Janeiro. A cirurgia, realizada em uma jovem não fumante e com doença rara, foi conduzida pelo cirurgião cardiotorácico Alexandre Siciliano e sua equipe médica e multidisciplinar.

O INC recebeu, no fim de 2020, a autorização do Sistema Nacional de Transplantes para fazer captação e transplante de pulmão e, atualmente, é um dos serviços ativos para este tipo de procedimento no país. O setor ajudará a suprimir uma carência histórica do sistema de saúde do Rio de Janeiro, já que apenas São Paulo e Porto Alegre concentravam as principais estruturas para esta realização.

Segundo Alexandre Siciliano, responsável pelo novo centro do INC, o transplante de pulmão é um procedimento complexo e caro. Para realizá-lo de forma continuada, o hospital precisa de infraestrutura de diagnóstico, laboratório, banco de sangue, centro cirúrgico de primeira linha, equipamentos avançados de suporte à vida, como respiradores mecânicos e, sobretudo, de equipe médica com expertise.

A equipe atual conta com aproximadamente 30 profissionais, incluindo quatro médicos cirurgiões, dois pneumologistas, um infectologista, um cardiologista e quatro anestesistas, além de profissionais de enfermagem, fisioterapia, nutrição, psicologia e terapia ocupacional.

“A estimativa é de que, anualmente, mais de uma centena de pacientes precise de transplante de pulmão no Rio de Janeiro. Oferecer este procedimento em nosso estado vai ajudar a melhorar a qualidade de vida e de sobrevivência de muitas pessoas. Nosso plano é construir uma escola de formação de profissionais. Não queremos só fazer, mas também treinar lideranças médicas, produzir conhecimento e multiplicar os centros de transplante de pulmão”, ressaltou Siciliano, especialista na área pelo The Cleveland Clinic Foundation, e que tem uma história no INC: foi residente, é médico concursado e coordena o grupo de transplante cardíaco do instituto.

Para o presidente do CREMERJ, a inauguração de serviços como este no estado reforçam a importância do SUS e a valorização da saúde pública, além de fortalecer a medicina no Rio de Janeiro. “Recebemos esta notícia com muita satisfação e orgulho, porque sabemos que, em nosso estado, temos excelentes profissionais. É fundamental ter a estrutura e as condições necessárias para exercer a medicina com qualidade e ficamos felizes pelo INC ter investido nisso. Parabenizamos toda equipe por sua dedicação e esforço”, destacou Walter Palis.

Avanço para todo o país
A carência de serviços de transplante de pulmão é nacional. Em 2019, no Brasil, havia 1.668 pacientes com necessidade para este tipo de procedimento, de acordo com estimativa da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). No entanto, somente 106 transplantes foram realizados no país em 2019, segundo a ABTO, quase todos em centros em São Paulo e Porto Alegre.

“Logo, o centro instalado no Rio de Janeiro representa não só um avanço para o nosso estado, mas para o Brasil”, concluiu o presidente do CREMERJ.