Levantamento do CREMERJ mostra agressão contra médicos
26/07/2023
A cada três dias um médico sofre algum tipo de agressão durante a atividade profissional no estado do Rio de Janeiro. É o que aponta um levantamento do CREMERJ, no período de dezembro de 2018 a junho de 2023. Os dados são do Portal da Defesa Médica, lançado pelo Conselho em novembro de 2018, com o intuito de agir com celeridade em casos mais graves, como de agressão e de exercício ilegal da medicina.
Com relação aos casos de violência durante a atividade profissional, o Portal da Defesa Médica do CREMERJ contabilizou, no mesmo período, 546 ocorrências de médicos que sofreram algum tipo de agressão, seja ela física ou verbal. A situação nas unidades públicas é a mais complicada. De todos os episódios contabilizados, 67% aconteceram nessa rede.
De acordo com o levantamento, 75 médicos foram agredidos fisicamente no ambiente de trabalho, de dezembro de 2018 a junho de 2023. O caso mais recente aconteceu com a médica Sandra Bouyer, que levou socos e pontapés durante o seu plantão no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá – situado na Zona Norte da capital –, no último dia 16 de julho. Enquanto Sandra estava sendo agredida, uma paciente sofreu uma parada cardiorrespiratória e não pôde ser socorrida pela médica. A paciente foi a óbito. Já Sandra precisou levar pontos na boca e teve escoriações pelo corpo.
Médicas são as principais vítimas de agressão
A maioria das agressões registradas pelo CREMERJ ocorreu contra mulheres – em torno de 61% dos casos. Ainda sobre as médicas, só este ano, de janeiro a junho, 62,5% dos episódios de agressão aconteceram contra elas.
Devido à regularidade dos casos no estado do Rio de Janeiro, o CREMERJ vem atuando no intuito de garantir segurança para os médicos no seu ambiente de trabalho. Com o Portal da Defesa Médica, o Conselho oferece aos profissionais que registram a violência sofrida em sua plataforma orientação sobre como proceder nessas situações. O meio também permite informação mais abrangente para ações mais precisas.
Nos últimos meses, por exemplo, o Conselho se reuniu, por mais de uma vez, com o secretário de Estado e comandante-geral da Polícia Militar (PMERJ), o coronel Luiz Henrique Marinho Pires, para avaliar medidas em favor da segurança dos médicos nas unidades de saúde. A autarquia também teve reuniões sobre o assunto com representantes do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ) e da diretoria de saúde da PMERJ.
Além disso, em junho deste ano, o CREMERJ aprovou a Resolução nº 344/2023, que determina que todas as unidades de saúde do estado do Rio de Janeiro forneçam segurança para garantir a integridade física dos médicos e demais profissionais que atuam nesses estabelecimentos. A normativa também torna compulsória a notificação ao CREMERJ sobre a ocorrência de violência contra médicos dentro desses estabelecimentos e indica também que seja oferecido apoio administrativo e psicológico à vítima.
“Os números são preocupantes. É inadmissível que um médico seja agredido durante o seu exercício profissional. O que vimos nesta semana, quando uma médica foi covardemente agredida, infelizmente não foi pontual. Por isso, estamos buscando meios para aumentar a segurança para os médicos em seu ambiente de trabalho”, afirma o presidente do CREMERJ, Guilherme Nadais.
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